Guerra Junqueiro – 170 anos depois

Hoje dia 15 de Setembro, dia em que sai o Jornal Renascimento, comemoram-se 170 anos sobre o nascimento de um dos maiores escritores portugueses do Sec.XIX e XX.
Nasceu em Freixo de Espada à Cinta no dia 15 de Setembro de 1850.
Estudou no Porto e formou-se em Direito na velha Universidade de Coimbra. Foi deputado, militar e ministro de Portugal na Suiça.
Estreou-se com 14 anos na literatura e foi uma figura marcante no seu tempo.
Tornou-se conhecido com a obra “ A morte de D. João”. D. João não era nenhum rei. D. “João” era o galante, o formoso, o sedutor, o voluptuoso, o tentador, o mariola que roubava a filha, ou a mulher ao mais pacato e sério dos mortais. Era aquele que sendo “cura” na Província , seduzia escandalosamente uma menor. Era esse que Junqueiro quis matar com o seu livro.
Foi atacado, insultado e criou antipatias. A crítica da época encobriu-se sob o falso pudor. Mas, o pudor não pode nascer da ignorância, mas da dignidade.
Nas suas obras, “Os Simples” canta os humildes, que são felizes pela sua simplicidade; Em “Patria” ataca a dinastia de Bragança, porque é republicano; Na “Velhice do Padre Eterno”, que dedica a Eça de Queiroz e à memória de Guilherme de Azevedo são sátiras onde domina um panteísmo e um grande humanismo.
Junqueiro é poeta, porque tem que ser poeta. Pela mesma razão que o pinheiro dá resina, ou a pereira dá peras. E afirma:- “ Escrevo os meus livros para mim e imprimo-os para o público; Procuro esquecer-me do livro feito, para me lembrar únicamente do livro a fazer; É como cortada a seara, colhido o trigo, arroteia-se o campo e semeia-se de novo; A nossa obra é o nosso monumento”.
E Junqueiro acrescentava : O destino do Poeta está no triângulo luminoso - Chorar, Crer e Amar”.
Este vulto das nossas letras, poeta, pensador, político, conferencista, também foi lavrador na sua “Quinta da Batoca” em Freixo de Espada à Cinta.
E tinha um grande sentido de humor. Passeando um dia com Bernardino Machado, junto ao mar, Bernardino olhando o horizonte exclamou :
- Que beleza !...
Tens razão, respondeu Junqueiro. Vou comprar meia dúzia.
É que Junqueiro não olhava o horizonte, mas uns figos magníficos que , ali ao lado, uma mulher vendia.
Junqueiro era um grande coleccionador. Entrando um dia num antiquário, perguntou:
- Então, é este o Rembrandt que tem para vender ?
Sim, Senhor...
Mas, está assinado “ Mariana”!
É que eu, com receio dos credores, pus tudo em nome de minha mulher !...
E para terminar, saudando o seu aniversário, uma frase sobre a política.
“Em Portugal, os partidos políticos nunca puderam estabelecer uma fronteira. Na mesma pipa existe vinho e vinagre”.
A.F.